segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Aniversario na lavanderia

A vida é dura.






E por aqui vivem dizendo que o Erick parece o Obama....

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Living like a mexican

Trabalhando como mexicanos, comendo como mexicanos.

So nao dormindo porque a casa eh mesmo muito boa. O problema eh que ficamos tao cansados que nem da para aproveitar.

E tambem nao conversando como mexicanos porque nao sei uma palavrita em espanhol.

Estou morrendo aqui.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Gosto

dessas descobertas vegetarianas: Adriana Calcanhotto e Clint...

:)

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

sobre O Ensaio... e a chuva




talvez a diferença esteja no fato de não estarmos ainda completamente cegos...

(ou a semelhança seja estarmos...)

terça-feira, 25 de novembro de 2008

O garoto dos óculos escuros

O garoto dos óculos escuros
o usa o dia inteiro
porque o sol não suporta
e as estrelas o chateiam.

Um dia lhe perguntaram,
seus colegas insistiram
e num jogo de criança
não acreditaram no que viram:
nos óculos do garoto
descobriram seu segredo:
eles eram os seus olhos,
não era um brinquedo.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

O menino deprimido

O menino deprimido
sabe de cor e salteado
o formato das unhas do seu pé.

Passa sempre despercebido,
e sonha noite e dia
com a moça sorriso
pra levar sua agonia
e lhe fazer um cafuné.


domingo, 23 de novembro de 2008

As cidades e os olhos

para Calvino

Quem se aproxima dessa cidade durante o dia, logo é induzido a se perguntar quanto às exaltações da noite, desenhadas nas janelas fechadas, no silêncio, no segredo e no sossego dos resquícios derramados nos caminhos agora claros.

Gilberta não é uma cidade dos pecados. Mas uma cidade onde o dia finda a vida e a noite atrai e dissimula os habitantes que preferem sonhar enquanto o sol aquece seus telhados, para que não sintam falta de serem eles mesmos, de inscrever os sentidos uns nos olhos no corpo no quintal do outro.

As janelas vão se abrindo à medida que o ar perde o brilho e o sentido implora olhares. Jogos de sedução acontecem num mergulho dentro de cada habitante: as crianças se completam na infância da noite, procurando as estações nos olhos dos cães, descobrindo a gravidade do mundo disfarçada de encantamento. As famílias atravessam a ponte, conversam alto e trocam ardores apreendendo a folia prestes a transbordar pelos poros da pele.

A noite é como uma promessa solene de viver para algo. A noite para os moradores de Gilberta é sempre mais, é um pouco mais outra coisa. Os olhos deixam de julgar e de saber para que a intenção do interior guie ao que não se pode ver, ao que pode tanto ser música quanto elegia, tanto brinquedo quanto revelia.

Antes do amanhecer, quando voltam pra casa e procuram-se no espelho, percebem-se preenchidos. A maquiagem borrada, os odores baralhados, as roupas sujas e faltando dão a certeza dos encontros, a condição para mais um dia de sono, o alento para a próxima noite de existência.

Noticiário

Falam no jornal sobre uns assassinatos coisas que logo são esquecidas é óbvio e sempre assim. Não ele nem ligava pro noticiário mas gostava de ver a boca da moça falando mexendo falando o nome dele por que não, chamando pra perto pra jantar e pra outras coisas falando... Desligou pegou uma cerveja tirou o tênis sentou no chão e ficou pensando na morte. Saiu de casa olhou para a vizinha pegou o ônibus comprou cigarro molho de tomate graxa de sapato. Andou pensando bosta de vista por que eu não ganho na loteria? Jogou no bicho voltou pra casa tomou banho.

Ligou pra filha brigou com ela mandou estudar para não ser burro e sozinho como ele. Lembrou da infância, ligou a televisão esperando a previsão do tempo. Falaram frente fria pensou nos mendigos teve pena.

Comeu macarrão fumando balançando as pernas pensando em mulher.
Sossegou, pensou nas dívidas, esqueceu-as, dormiu, sonhou com insetos, acordou comeu macarrão no café saiu pra procurar emprego ficou com raiva saiu correndo foi atropelado. Apareceu na tevê.

domingo, 16 de novembro de 2008

Gerações

Era algo constante nas manhãs de terça-feira o seu bichinho de pelúcia preferido acordá-la num processo de quase estrangulamento. Sempre despertava a tempo de tirar as patas do bicho do seu pescoço e trancá-lo dentro do armário junto com seus outros bichinhos de que gostava menos. Uma hora depois, quando ele já tinha se acalmado, ela o tirava com esforço de lá e o punha novamente em cima de sua cama. Nunca conseguiu entender qual era a desse bichinho, mas com ele aprendera a respeitar as diversas formas de vida e de temperamento, então tudo bem, ela compreendia a importância.

Se ela via televisão com ele principalmente nas quintas-feiras, ele logo dormia. Talvez fosse justamente na quinta que ele tivesse os sonhos mais perturbados e por isso precisasse dormir mais durante o dia. Era só uma suposição na cabeça dela, já que por mais que tentasse não conseguia saber o que aquele olhar queria tanto dizer. Pensava em inventar um tradutor, um decodificador, um neutralizador, um liquidificador e outras coisas que só uma criança com um bichinho de pelúcia é capaz de pensar.

Certo dia ganhou uma bicicleta. Achou mais divertido que o bichinho de pelúcia e o guardou para sempre junto com os outros de que gostava menos. A bicicleta era o sinônimo de sua liberdade infantil, sua conquista secreta do mundo e das coisas. A bicicleta vermelha não era muito de conversar, mas às vezes percebia que ela tentava puxar assunto e então conversavam sobre a qualidade do asfalto, das lajotas, do barro e da dificuldade de andar na grama. Os assuntos da bicicleta eram só esses. Talvez nunca tivesse olhado para o céu, visto um passarinho ou um relâmpago. Talvez não tivesse nem pegado chuva.

Mais ou menos um ano depois ganhou um computador. Depois disso não conseguiu mais entender como algum dia pudera gostar de um bichinho de pelúcia estrangulador ou de uma bicicleta vermelha entediada. Com a internet ela podia conversar com todos os bichinhos de pelúcia e bicicletas do mundo, não havia limites, podia até ser criança pra sempre se quisesse. Então passou anos fixada nesse outro mundo, compenetrada, maravilhada, desencantada, feliz, triste, excitada, tudo podia acontecer agora. E ainda por cima ao mesmo tempo porque ela aprendeu a fazer muitas coisas juntas. Com o tempo, essa falta de definição fez com que esquecesse os dias da semana. Não se lembrava mais das manhãs de terça-feira ou dos domingos chuvosos. Não fazia diferença porque no computador era sempre o dia, o tempo, o clima que ela quisesse.

Foi basicamente isso que aconteceu. O bichinho e a bicicleta foram doados nessas campanhas do brinquedo, o bichinho deve ter descontado sua ira e estrangulado outras crianças, a bicicleta talvez tenha tido tempo de olhar para o céu e ter tido uma vida um pouco mais poética, enquanto a menina estrangulava e entediava a si mesma à medida que não percebia a passagem do tempo, da vida, do ciclo todo.

Talvez tenha morrido em frente ao computador. Ou tenha conhecido alguém na internet e tido filhos de verdade ou virtuais mesmo. Talvez tenha até ido ao enterro de sua avó por e-mail e comido os biscoitinhos do velório por transferência de arquivo. Não se sabe.

O filme é um lugar

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Algo para pensar...

A arte é inofensiva.

Papo de terça-feira de manhã

- Fabiane, aquele pássaro cidadão que você falou, tá fazendo ninho por ali...!

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Não mais

Não mais poemas
sobre árvores
ou céu.

Não mais os dias
como infância
e sol.

Restaram-nos os retalhos
de ontem,
o traço de amanhã.

Carcomido, pouco diz
o relógio
- parado.

Tão perdido
quanto as horas
- nossas.

domingo, 28 de setembro de 2008

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Elegia

Minha vida é uma colcha de retalhos
Todos da mesma cor...


[Quintana]

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

2 anos, 2 meses e 2 dias

E umas frases dele de hoje


"O pior é que nem adianta construir um banheiro público pra cachorros. Eles não entendem".

"Vai ler o jornal de ontem, Amor?"
"A Folha de S. Paulo de ontem é melhor que o Diário Catarinense de amanhã".


Esse carinha... (:

terça-feira, 2 de setembro de 2008

sábado, 30 de agosto de 2008

Bazin

Eu: Merece um beijo quem passou esse livro pra .pdf.
Laura, que sempre quer um beijo: Fui eu!

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

I'd like...

Queria morar num sótão.
Com cheiro de madeira vermelha
um violão preto e branco
um cinema na janela
uma máquina fotográfica moderninha
e tal.

Um sofá com
almofadas azuis.
Uma mesinha com
café saindo fumaça.

Fotogramas em porta-
retratos na parede
e fotos pouco elegantes
de viagem.

Bolsa amarela
roupas aminhacara
sapato de crochê.

Livros para comer
cookies para comer
computador para conversar.

Música
e perfume de
lugar alado.

Mãos dadas
e dois pares
de chinelo.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Plagiando

"Eu gostava dele porque era ele. Porque era eu"


:)

sábado, 12 de julho de 2008

Dor

Parece que ela carrega a dor da casa... :~


domingo, 29 de junho de 2008

A Ruiva

Costumava ser gordinha quando criança. Ruiva, gordinha e tagarela. Depois cresceu, continuou ruiva, mas emagreceu e se fechou como uma ostra. Sempre morou com a mãe, nunca ouviu falar do pai. Tornou-se tímida quando se apaixonou pela primeira vez, aos 11 anos. Percebeu que as coisas eram mais complexas e inapreensíveis do que a perspectiva plana que até então apreendia na sua vida.

Aos 15 começou a trabalhar. As notas na escola caíram, mas precisava ajudar sua mãe que não dava conta de sustentar a casa e seus pequenos luxos adquiridos de tanto ver novela. Rúbia não ligava para as cores da moda, os novos penteados ou a programação na tevê. Na verdade não se interessava por muitas coisas e embora já tivesse 24 anos, ainda não sentira o palpitamento da vida, algo que pudesse fazê-la transbordar de vontade de alguma coisa.

Já teve um ou outro namorado (ao contrário da mãe que tem um diferente a cada lua). Namorou um vizinho que a traiu depois de quase um ano juntos. Ela não o culpava. Sabia que faltava cor nos instantes, sabia que parecia mais morta do que viva quando estavam na cama.

Não tem memórias da infância, não tem fruta preferida, mas gosta do cheiro que o sol deixa nas suas roupas surradas. É muito bonita, sim. E agora, assim cedo, está no ônibus para mais um dia de trabalho.

Rua das Carambolas, o mesmo número 127 há dois anos. Procura a chave na bolsa, limpa os pés, respira fundo, abre a porta. Começa lavando a louça, prepara o café, arruma a mesa até ouvir os gritos habituais e se dar conta que Dona Lídia acordou e desesperadamente chama por todo mundo. Como se fosse um fantasma, deixa tudo arrumado e, imaginando como acabar com as formigas, dirige-se a outro aposento, para lavar roupas.

Mais fotos de garotas nuas no bolso da calça de Seu Moura. Mais uma vez o sentimento de não saber o que fazer com elas. Desajustar tudo mais ainda mostrando à patroa? Jogar fora e admitir-se cúmplice daquele cotidiano corrupto que entranhava nas paredes? Por alguns segundos pensou em como seria ser fotografada nua.

Encarar o dia como só mais uma segunda-feira. Outro dia morno, enjoado, empedernido. É etéreo tudo aquilo que não tem. Tudo aquilo que não descobriu em si mesma. Deveria tomar remédios como Dona Lídia? Enlouqueceria também? Juntaria todas as desilusões a acreditaria nas pílulas para dormir, acordar e, supostamente, sobreviver?

Era uma segunda-feira como as outras, mas sentiu uma irrupção distinta. Como o nascimento de uma natureza mística, metade Rúbia, metade música. Ou metade rotina, metade desprendimento.

Teve uma súbita vontade de ir ao quarto da Natália, pedir para que fugisse daquela casa, que fosse morar com ela, porque ainda era nova e poderia salvar-se da loucura. Precisava mesmo fazer alguma coisa. Não suportava lutar com suas entranhas ao constatar que a pequena chorava escondida. Podia não saber de moda, podia não se encontrar em si, não se entregar numa paixão. O que não podia era deixar escapar aquele momento.

...

Inebriada, nada fez. O momento passou e a vontade escorreu tornando-se apenas um contraste naquele dia estranho. Por que tanto envolvimento? Não tinha sido contratada apenas para limpar, lavar, cozinhar, não falar e desaparecer? Um calor envolveu-a. Prendeu os longos cabelos em um coque, olhou para os lados e atentou para aquela casa aos seus cuidados. Conhecia todos os aromas das pessoas, que sentia ao passar roupas. Conhecia os remédios no armário do banheiro, as fotos que sugeriam traição, as lágrimas apagadas da filha incompreendida, a preferência da comida, a marca da ração do cachorro, a quantidade de sabão para lavar os tapetes caros... Como se desenlaçar de um dia-a-dia que não lhe pertencia e ao mesmo tempo a envolvia de tal forma que resultou num reconhecimento próprio?

...

Alguém apagou a luz. Ela reconhece aquele cheiro. A porta se fecha. Ele se aproxima, ela não quer. Ou quer. Não poderia porque não gostava disso e não gostava dele e não queria nem pensar nas ininterruptas loucuras de Dona Lídia, caso ela descobrisse. Ele a empurrou para um canto entre a parede e a máquina de lavar que enxaguava a roupas. Fugir daquilo seria fugir de tudo. Não sabia o que seria. Fechou os olhos, ficou na parede, aceitou. Pensou na sua mãe, nos gritos do quarto, em vitrines empoeiradas, nas fotos do Seu Moura, ali na sua frente. Nem sabia como ele não a tinha interceptado antes. Antes ela fugiria, gritaria, morderia. Agora ela deixa, sua, geme, treme, quer. Aquele ambiente a teria mudado? Ele teria percebido?

...

Baque. Sentia-se infinitamente disposta a pedir as contas, a trabalhar em um supermercado, a economizar e comprar uma máquina fotográfica.

...

Na verdade não sentia. Ainda queria salvar Natália, ainda queria ir aos cantos furtivos com o patrão, ainda queria ficar lá e molhar a samambaia. Da falta de vida, fez-se a vontade de tudo ao mesmo tempo.

...

Hiatos. Horas comuns por não saber, já libertada de si, o que percorrer. Pensou em pintar o cabelo. Pensou novamente em tirar fotos sem roupa, mas agora também queria que elas estivessem no bolso de Seu Moura.

...

A pequena passou correndo na cozinha e foi para o quarto. Era o momento de ir até lá e tentar colher uma compreensão, um sorriso. No meio do caminho alguém a segura pelo braço. Mas de novo? Só que agora na cama do próprio, já que Dona Lídia havia saído para umas compras e ele decidira chegar mais tarde ao trabalho para alguns minutos de potência máxima.

Noite. Na cabeça, excertos do dia. Na pele, a inatividade morta, o suor da dúvida, o cheiro do novo. Ainda fechada em si, mas expandida no mundo, era o que sentia. Continuaria no emprego? Absorveria tudo daquela casa ou se procuraria em outras coisas? Estaria ficando parecida com sua mãe? Estaria cada vez mais diferente? Estava decidida: no dia seguinte pagaria alguém para tirar fotos suas com pouca roupa, sem roupa, sem vergonhas nem tremulações.

Olhava-se no espelho, nua, procurando os defeitos de seu corpo. Seios talvez pequenos demais, mas ela concluía gostar assim, e os segurava levemente como que para ter certeza que aquela beleza era sua. Via sua pele muito branca, mirava-se de lado, procurava curvas, formas que ainda não conhecia, pensava nas fotos e perguntava-se como que agora, dentro de si, cabia tanta coisa.

Lembrou-se de Natália, imaginou Seu Moura e Dona Lídia na cama. Ela louca, ele também louco, só que por outra coisa. Aí acabavam não fazendo nada. E também aquela casa não significava nada. Reflexo dos dias doidos, filhos não planejados, carinho não dado, comida sem gosto, roupas úmidas, arrependimentos, coisas para organizar, coisas para amar, animal de estimação esquecido, dinheiro esbanjado, colégio particular etc. Isso só para simplificar. Lutava consigo, pensava coisas aleatórias, queria comprar lingeries e uma barra de chocolate. A roupa por fora não importava, só importava a que seria vista por poucos.

A mãe bate à porta. Filha, você chegou tão diferente, aconteceu alguma coisa? Não, mãe. Eu só me confundi. E dormiu.

Sonhou ser fotografada nua e em preto e branco. As fotos estavam nos outdoors da cidade. Todos viam seus seios, seus pêlos, o contraste habitual de sua pele. Homens e mulheres desejavam-na, queriam fazer fila, mordê-la. Então, em meio à multidão, aparecia Natália estendendo a mão e pedindo baixinho que ela fosse sua mãe.

Rúbia acordou ainda atordoada, olha o relógio, veste-se, prende os cabelos. Vai à parada e sente-se incapaz de entrar no ônibus de sempre. Senta no meio-fio e espera. Como se Natália fosse buscá-la e fazê-la salvar-se de si mesma.

sábado, 21 de junho de 2008

Perdona

- Mana, tu é uma perdona.
- Isso não extiste, Laura...
- É uma perdona porque perdeu a sua chave.



!

Uma dose de Manoel, S'il vous plaît

Quero a palavra que sirva na boca dos passarinhos.


Palavra poética tem que chegar ao grau de brinquedo para ser séria.


Só a alma atormentada pode trazer para a voz um formato de pássaro.
Arte não tem pensa:
O olho vê, a lembraça revê, e a imaginação transvê.
É preciso transver o mundo.



[Fragmentos "Livro sobre nada", de Manoel de Barros]

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Um olhar infantil sobre o cinema

Laura: Fazer cinema é o mais ruim, porque tem que ficar vendo filme e não pode trabalhar.




!!!

terça-feira, 3 de junho de 2008

"Assim,

a melancolia é a mais legítima das tonalidades poéticas".
(Poe)

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Interessante exercício de fotografia...

[Foto: Alfred Stieglitz]



Só falta...

A personagem não morreu porque, na verdade, ainda não nasceu.
Eu já morri porque não tinha nascido direito.

Agora falta o veneno parar de funcionar...

terça-feira, 27 de maio de 2008

Ponto.

Respirar. Um passo. Expirar. Um passo. A cada movimento das pernas, um nó. Mais um passo, mais outro nó. Um passo para trás na tentativa de desfazer o aperto. Nada feito. Voltar atrás não muda o curso dos pés, o passar das horas. Pular. Descarregar o peso no chão de descaso. Bater, bater, gritar. Procurar a estrada que não há. Que nunca houve. Que os sonhos se encarregaram de trazer. E depois matar. Céu, pernas, mundo, lixeiro, lâmpada, desordem. De quem são as vozes? Quem me puxa? Não há fio condutor. A respiração é arquitetada. O segundo seguinte não diz nada.

domingo, 25 de maio de 2008

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Essa ausência que me mata,

a da Poesia

.


Eu acabo com os personagens
as histórias
as idéias
em cada instante de falta.

Eu acho que morro.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Férias

Laura cantando e dançando feliz da vida:

"Abra suas asas, solte suas férias..."

(E ai de quem disser que não é assim...)

A Lua e a Tabacaria

Ontem, olhando para Lua, tive a mesma sensação de quando, também ontem, reli a Tabacaria. Aquele sentimento de gigantamento, de não-caber, de supremo, de infinito, de completo incompleto. Céus! É encantador...

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

sábado, 3 de maio de 2008

Fica...

Seus olhos preocupados,





distantes.

Sinto-me confusa,
não fazem parte de mim.

O que fazer para alcançar?
Para te trazer dentro da minha morada?
Por que não vens por completo?

...


Aceita meu convite,
abre minha porta,
senta na cadeira que é só tua.

Fica para um café,
uma conversa,
uma noite,
Uma Vida...

domingo, 27 de abril de 2008

Detalhes sobre o tempo

- Tenho tanta coisa pra fazer, mas o tempo voa!
- Como assim o tempo voa?
- Passa muito rápido, Laura.
- Ah, Fabiane, o tempo não é meu...

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Sabe...

- Sabe do que eu também gosto com a aproximação do inverno?

- Hm?

- Desse cheirinho de frio, igual ao do dia em que nos conhecemos...

- :)


segunda-feira, 24 de março de 2008

Passa tempo

Ainda há tempo
de inventar o poema?

Lá fora os outdoors batem à porta:
estou atrasada.

O mundo gira
os carros correm
as pessoas voltam
as janelas fecham
o lixo se acumula
e a realidade, impassível,
não desiste de sua sina,
triste,
quase imperceptível
(de tão diária, de tão comum...).


terça-feira, 11 de março de 2008

Cena do dia - Parte II

Três crianças subindo o morro usando uma telha como improvisação de guarda-chuva.

Cena do dia

Velhinha corcunda levando um carrinho de bebê... com uma caixa de cerveja dentro!

segunda-feira, 10 de março de 2008

Medos públicos

Enquanto caminhava, havia na minha frente uma criança (no colo de alguém, provavelmente seu pai) que olhava insistentemente para mim. De cima a baixo! Tentei olhar várias vezes com aquele sorriso no canto da boca. Nada. Ela continuava a olhar, olhar, olhar, sequer ousou sorrir. Não sei se ficou hipnotizada pela camisa xadrez, mas fiquei foi com medo dos seus pensamentos vidrados. Eu me afastei, esperava alguém. A criança, cega de determinação, deve ter olhado até o xadrez virar uma cor só, e então eu parecer um borrão...

Hoje também senti medo de envelhecer.

Sentir

Ela sente falta da simplicidade. Precisa das coisas exageradamente simples como cheirar fundo pra reter o perfume de dama-da-noite, como um carinho de madrugada, como aquele cachorro dormindo no sol ou a digestão de uma boa história. Simples como a poesia que encanta, o Quintana que conta, canta...




Sonho

Sonhei que o mundo estava contaminado por uma doença fatal e só estavam salvos aqueles que já tivessem lido Saramago. Só pode ser um sinal...

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Estrelas


A garota usava tênis de quadrinhos.
O garoto balançava as pernas, olhava para baixo.
A garota, sentada na grama, comia goiabas recém colhidas.
O garoto observava as crianças soltando pipa no parque.
A garota pensava em ir ao cinema quando escurecesse.
O garoto esperava escurecer para ver estrelas.
A garota tinha um bloquinho onde escrevia imaginações.
O garoto imaginava a garota.
A garota escrevia o garoto.

Imaginavam.
Sonhavam.
Escreviam.
Balançavam.
Pensavam.

Já Viviam um do outro, já nos sonhos, já nas Almas que ainda não tinham se encontrado, mas que já se sabiam.

Bastava ela olhar para o lado...
Mas foi mais. A garota e o garoto olharam para a mesma estrela...

(06.09.07)


terça-feira, 1 de janeiro de 2008

2007

Talvez seja melhor indispor os planos, consultar as fotografias, reler os poemas, procurar luzes dentro da terra. Depois de um ano assim sem referências, assim apaixonado, assim assim de todo jeito indizível, inesperado e tão cheio de decisões, começo o ano sonhando com sobremesa de banana e passando roupa em um dia nublado de verão. Contabilidade? 16 livros, 90 filmes, Brasília, Rio de Janeiro, Paraty, Los hermanos, Pirinópolis e baratas, Laura fazendo piadas, Namorado que se tornou vizinho, momentos de vestibulanda, bolsa de extensão, congresso de jornalismo científico, desistência de ser jornalista, transferência de curso, cinema, tartaruga machucada, lagartos no quintal, sítio, ovos e leite, meu primeiro "livro de poemas", vontade de ver pato fu, de mudar a cor do quarto, de dizer um milhão de vezes que tenho o melhor Namorado do mundo, saudade, distância, falta de palavras, de disciplina, calçados que não duram, suco do márcio, tigelas de açaí, terapia, computador só pra mim, livro de fotografia, filmes comprados na promoção, boletins de rádio, apresentação de tele-jornal... Juntar tudo e misturar bem: linhas e curvas de um ano que passou, de cheiros por aí, de cores de filme, de vôos nas palavras, de dúvidas, de mudanças, de coisas que compõem os cantos, encantos, sonhos, acasos e futuro que não dá pra saber.

Enfim, sopro de começo de outro ano. Da continuação do que parece acabar, mas que faz parte das lembranças, das comemorações, dos sussurros, do perfume da Vida...