segunda-feira, 24 de março de 2008

Passa tempo

Ainda há tempo
de inventar o poema?

Lá fora os outdoors batem à porta:
estou atrasada.

O mundo gira
os carros correm
as pessoas voltam
as janelas fecham
o lixo se acumula
e a realidade, impassível,
não desiste de sua sina,
triste,
quase imperceptível
(de tão diária, de tão comum...).


terça-feira, 11 de março de 2008

Cena do dia - Parte II

Três crianças subindo o morro usando uma telha como improvisação de guarda-chuva.

Cena do dia

Velhinha corcunda levando um carrinho de bebê... com uma caixa de cerveja dentro!

segunda-feira, 10 de março de 2008

Medos públicos

Enquanto caminhava, havia na minha frente uma criança (no colo de alguém, provavelmente seu pai) que olhava insistentemente para mim. De cima a baixo! Tentei olhar várias vezes com aquele sorriso no canto da boca. Nada. Ela continuava a olhar, olhar, olhar, sequer ousou sorrir. Não sei se ficou hipnotizada pela camisa xadrez, mas fiquei foi com medo dos seus pensamentos vidrados. Eu me afastei, esperava alguém. A criança, cega de determinação, deve ter olhado até o xadrez virar uma cor só, e então eu parecer um borrão...

Hoje também senti medo de envelhecer.

Sentir

Ela sente falta da simplicidade. Precisa das coisas exageradamente simples como cheirar fundo pra reter o perfume de dama-da-noite, como um carinho de madrugada, como aquele cachorro dormindo no sol ou a digestão de uma boa história. Simples como a poesia que encanta, o Quintana que conta, canta...




Sonho

Sonhei que o mundo estava contaminado por uma doença fatal e só estavam salvos aqueles que já tivessem lido Saramago. Só pode ser um sinal...