sexta-feira, 30 de outubro de 2009

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

terça-feira, 27 de outubro de 2009

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

"...nosso único vínculo"

O fato moderno é que já não acreditamos neste mundo. Nem mesmo nos acontecimentos que nos acontecem, o amor, a morte, como se nos dissessem respeito apenas pela metade. Não somos nós que fazemos cinema, é o mundo que nos aparece como um filme ruim. A propósito de Bande à part, Godard dizia "São as pessoas que são reais, e é o mundo que se isola. É o mundo que se fez cinema. É o mundo que não está sincronizado - elas são justas, verdadeiras, representam a vida. Vivem uma história simples, é o mundo em volta delas que vive um roteiro ruim". É o vínculo do homem com o mundo que se rompeu. Por isso, é o vínculo que deve se tornar objeto de crença: ele é o impossível, que só pode ser restituído por uma fé. A crença não se dirige mais a outro mundo, ou ao mundo transformado. O homem está no mundo como numa situação ótica e sonora pura. A reação da qual o homem está privado só pode ser substituída pela crença. Somente a crença no mundo pode religar o homem com o que ele vê e ouve. É preciso que o cinema filme, não o mundo, mas a crença neste mundo, nosso único vínculo.


G. Deleuze, A imagem-tempo (O pensamento e o cinema, p. 207)

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Sou fã desse Bobo da corte

Quem cuida mais do dedão
Do que do seu coração
Não dormirá mais, traído
Por um calo dolorido

[Bobo do Rei Lear - Tradução de Millôr Fernandes]

Ainda em O Rei Lear...
Somos para os deuses o que as moscas são para os meninos: matam-nos só por brincadeira.

[Gloucester, ato IV]

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Atteindre son idéal, c’est le dépasser du même coup.



Friedrich Nietzsche

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Caligrafia...

Ao escrever sobre os desenhos de Rodin, Camille Mauclair indicou uma explicação para esta busca:

Os maiores artistas, Michelangelo, Rembrandt, Delacroix, todos, num determinado momento do florescimento de seu gênio, abandonaram a falácia da exatidão, como concebida por nossa razão simplificadora e nossos olhos medíocres, com o objetivo de conseguir fixar idéias, a síntese, a caligrafia pictórica de seus sonhos.



[In: A forma do filme, Eisenstein, 1929]





Auguste Rodin
Celle qui fut la belle heaulmiere
c. 1880-85
Bronze

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Adoecer de nós a natureza:
- Botar aflição nas pedras
(Como fez Rodin).

Manoel de Barros

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

A vida é uma ópera e uma grande ópera

Uma noite, depois de muito Chianti, repetiu-me a definição do costume, e como eu lhe dissesse que a vida tanto podia ser uma ópera como uma viagem de mar ou uma batalha, abanou a cabeça e replicou:

- A vida é uma ópera e uma grande ópera. O tenor e o barítono lutam pelo soprano, em presençca do baixo e dos comprimários, quando não são o soprano e o contralto que lutam pelo tenor, em presença do mesmo baixo e dos mesmos comprimários. Há coros numerosos, muito bailados, e a orquestração é excelente...


Dom Casmurro

Je veux voyager...